
CRIADOR DE IDÉIAS, O EDUCADOR
“A conscientização é um compromisso histórico (...), implica que os homens assumam seu papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece (...), está baseada na relação consciência-mundo".(Paulo Freire, Educação como prática da liberdade, 1966.)Paulo Freire revelou ao mundo uma educação para além da sala de aula, da educação formal, capaz não só de ensinar conteúdos e comportamentos socialmente esperados e aceitos, mas também capaz de conscientizar a todos e a todas. Mais objetivamente pensou nos jovens e adultos trabalhadores, homens do campo e da cidade para abrir-lhes a possibilidade de enfrentarem a opressão e as injustiças. Características conceituais da concepção educacional de Paulo Freire (com base na análise de Carlos Alberto Torres no livro Paulo Freire: Uma Biografia Intelectual).
• “Interpretar o desenvolvimento da consciência humana e seu relacionamento com a realidade, permitindo que o educando a transforme com sua prática.• A educação não é uma questão pedagógica. Ao contrário, é uma questão política. Pedagogia crítica, como uma práxis cultural, contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas.• A pedagogia do oprimido é designada como um instrumento de colaboração pedagógica e política na organização das classes sociais subordinadas;• A especificidade da sua proposta é a noção de consciência crítica como conhecimento e práxis de classe.• Em termos educacionais, sua concepção é uma proposta anti-autoritária, na qual professores e alunos ensinam e aprendem juntos. Partindo-se do princípio que educação é um ato de saber, professor-aluno e aluno-professor devem engajar-se num diálogo permanente caracterizado por seu ‘relacionamento horizontal’. Esse é um processo que toma lugar não na sala de aula, mas num círculo cultural.”
Algumas palavras próprias da pedagogia de Paulo Freire:
Amorosidade – Para Freire, a “educação é um ato de amor”, sentimento em que homens e mulheres vêem-se como seres inacabados e, portanto, receptivos para aprender. Cultura – Para Freire, “cultura é tudo o que é criado pelo homem. É o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador e recriador (...).” Curiosidade – A curiosidade alimenta o desejo de saber mais. Ela causa inquietação, insatisfação desencadeando a busca pelo conhecimento. "Não é a curiosidade espontânea que viabiliza a tomada de distância epistemológica. Essa tarefa cabe à curiosidade epistemológica – superando a curiosidade ingênua, ela se faz mais metodicamente rigorosa. Essa rigorosidade metódica é que faz a passagem do conhecimento ao nível do senso comum para o conhecimento científico. Não é o conhecimento científico que é rigoroso. A rigorosidade se acha no método de aproximação do objeto." (FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 2ª edição, 1995, p. 78.)Diálogo – “O diálogo aproxima os homens entre si e do mundo em que vivem. É capaz de transformá-lo e, transformando-o, o humaniza para a humanização de todos.” Leitura do mundo – Ler o mundo é aproximar-se criticamente da realidade. A leitura de mundo possibilita a análise crítica da realidade e a sua compreensão.Política – A educação, na perspectiva da prática da liberdade, é um ato político. Não existe educação neutra. Na concepção de Freire, política é o conjunto de opiniões e/ou simpatias de uma pessoa com relação à sua realidade e sua capacidade de transformá-la.
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